Será que eu nunca vou ficar satisfeita?
sobre o vazio que mora no quase, no depois, no “e agora?”
Atualmente eu tenho 21 anos. Faço faculdade e outras mil e uma coisas ao mesmo tempo, mas, mesmo assim, sinto como se estivesse só na metade de um caminho que nem sei onde vai dar.
Recentemente, lancei meu primeiro livro, Ouro e Cinzas. Uma conquista enorme, linda, emocionante. E, ainda assim, enquanto ele não ficava disponível no Kindle Unlimited, enquanto a data do lançamento não chegava, eu comecei outro projeto de escrita. Dessa vez uma fantasia sáfica. Um novo mundo. Um novo enredo. Uma nova obsessão.
Dizem que “mente vazia é oficina do diabo”, mas acho que no meu caso mente cheia é tipo o playground completo do capiroto, tem escorrega, gira-gira, pula-pula e até cama elástica emocional. E eu tô lá, de mochila nas costas, rodando igual pião parecendo a Dora Aventureira.

Já fiz tantas coisas, já venci tantos medos. Já realizei objetivos que, na pandemia, por exemplo, pareciam tão distantes que chegava a doer imaginar. Então por que ainda me torturo? De formas tão criativas e variadas, inclusive.
Às vezes penso que tem algo de masoquista nisso. Não no sentido literal, mas como se o desconforto tivesse virado uma zona segura. Como se sentir dor fosse a única forma de me lembrar que eu estou viva. Como se a alegria plena, pura, sem cobranças... fosse coisa dos outros. E não minha.

Mas eu sei que minha vida não é um checklist infinito. Eu tenho consciência disso. Só não sei o que fazer com essa consciência, tipo quando a gente recebe uma notificação de “atualização disponível” e simplesmente ignora porque não tem espaço interno pra instalar.
E o pior é que eu faço isso com as coisas que deveriam ser só divertidas. Uma página no journal. Um texto novo aqui no Substack. Um livro que não me prendeu, mas que me recuso a abandonar por puro orgulho literário. Por que é tão difícil deixar as coisas serem só… prazerosas?
Às vezes parece drama. Às vezes parece tempestade em copo d’água. Eu sei. Mas, me perdoem, porque tem uma frase que sempre ecoa na minha cabeça: “a ânsia de ter e o tédio de possuir”. Só que eu não deixo o tédio chegar, sabe? Porque mesmo quando consigo, eu quero mais.
E será que isso é ser ambiciosa ou só um pouquinho cansada?
Não sei se foi exatamente isso que Clarice quis dizer quando escreveu que “vivia sempre à beira”, mas nesse momento eu entendo. E muito.
Espero que esse texto não caia no genérico. Ele veio enquanto eu transbordava. Nem sempre fui boa em lidar com sentimentos. Agora tô aprendendo. Um pouco mais a cada semana. Às vezes com poesia, às vezes com silêncio.
E se você também se pergunta, de vez em quando, “será que eu nunca vou ficar satisfeita?”, sinta-se abraçado(a). Tá tudo bem transbordar um pouco.
Os comentários e DMs estão abertos. Nem tudo precisa de resposta, mas às vezes, só dividir já alivia.

✨ Recomendações da Vez:
📚 Para ler: O Baú do Zumbi Gelado (um conto muuuito Black Mirror)
🎧 Para ouvir: podcast gostosas também choram
🎥 Para assistir: a animação da GLICH, The Amazing Digital Circus
💌 Como apoiar uma escritora que ainda acredita no papel, na poesia e nos processos:
Assinando o Catarse (a partir de R$10 por mês, menos que um café no Starbucks!)
Me seguindo no Instagram @karoladolfo e sendo minha própria divulgação ambulante
Mandando qualquer valor para a chave pix: karolinaduarteadolfo@gmail.com
Esse texto bateu forte aqui! Vivemos numa sociedade que temos que performar produtividade a todo tempo. Se fazemos algo apenas pela fruição, é como se estivéssemos perdendo tempo.
eu nunca consigo deixar as coisas serem só prazerosas. Sempre faço de tudo uma obrigação e algo sob o qual devo ter controle